No meio do caminho tinha um Pedro – histórias de Malasartes e outros anti-heróis
O projeto “No meio do caminho tinha um Pedro – histórias de Malasartes e outros anti-heróis” realiza 172 encontros literários por meio de contações de histórias para crianças de 7 a 12 anos de escolas públicas de 6 municípios paranaenses que trazem em sua história a herança do “Tropeirismo”, com sua rica contribuição de fascinantes relatos, costumes, culinária e outras antigas tradições. O projeto já passou por Balsa Nova e Campo do Tenente e, até abril deste ano, segue para Porto Amazonas, Carambeí, Sengés e Tibagi.

Crédito – Alison Martins.
Esta itinerância literária propõe uma forma efetiva de promover a inclusão, a democratização cultural, e assegura o acesso dessas comunidades a vivências fundamentais para a formação de uma identidade cultural.
As sessões de histórias são guiadas pelos mediadores Adriane Havro e Luis Teixeira (criadores de vários projetos de incentivo à leitura, integraram durante vários anos a equipe de mediadores de leitura e contadores de histórias dos Editais do Programa Curitiba Lê). Os dois profissionais atuam há mais de 20 anos em projetos culturais levados a escolas e entidades de atendimento a crianças e jovens, em uma trajetória que já beneficiou centenas de instituições e milhares de alunos.
As histórias, compiladas de obras de reconhecidos escritores como Ângela Lago, Ricardo Azevedo, Tatiana Belinky, Ilan Brenman, Ana Maria Machado, dentre outros, foram selecionadas tendo como proposta reunir contos de manhas e artimanhas, astúcias e espertezas. São engenhosas histórias capazes de intrigar e provocar a surpresa e o desconcerto do público participante.
Esses contos, repletos de estripulias e traquinagens, mostram um afrontamento do anti-herói com as instituições oficiais, com o poder de coronéis, religiosos dogmáticos, pretensos doutos e outros poderosos opressores. E isto ocorre sem valer-se de arma ou força física, fazendo uso apenas de suas atitudes sagazes, que subvertem a ordem dominante e expõem o ridículo da tirania.
São contos e recontos, de longa tradição, que, temperados com humor e inteligência, desafiam o leitor a buscar um novo olhar da realidade e das estruturas de poder que permeiam os relacionamentos sociais.
“Acreditamos que o prazer inesperado da vivência literária compartilhada em grupo possa dissolver resistências, desmanchar couraças e ser uma semente para novas experiências. Temos plena consciência de que esse é um trabalho delicado e sensível a ser tecido como uma teia que une diversos olhares e sentimentos. O mediador tem o ofício de semear a palavra viva e cultivá-la em busca da palavra vivida do leitor”, diz Luis Teixeira, um dos idealizadores do projeto
As sessões incluem também educadores, zeladoras, inspetores, merendeiras, etc. Toda a comunidade escolar será convidada a participar dessas vivências, experimentando novas formas de aproximação com a literatura.
A ação dos mediadores-contadores de histórias se dará no sentido de provocar um reencantamento de espaços de uso cotidiano dos alunos por meio da vivência literária, estimulando novas leituras e olhares. Não se trata de criar uma “performance literária”, mas sim de difundir a vivência da literatura a partir da intervenção em ambientes alternativos.
Este projeto é realizado por meio do PROFICE (Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná), e conta com o apoio da Empresa COPEL. Em março e abril o projeto passa por escolas de Porto Amazonas, Carambeí, Sengés e Tibagi.